O superintendente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Vladson Menezes, expressou otimismo em relação ao setor da construção civil em 2025, em entrevista ao Bahia Notícias. Ele destacou que o programa Minha Casa, Minha Vida deve impulsionar o segmento de baixa renda, graças a um programa estadual lançado no final de 2024 para complementar o financiamento dessa faixa.
“No ano de 2024, os lançamentos imobiliários se concentraram em imóveis voltados para a população de renda mais baixa. Com o complemento de financiamento, esperamos que as obras do programa avancem significativamente em 2025”, avaliou.
Em relação às outras classes econômicas, Menezes comentou que o mercado de alta renda ainda apresenta boas oportunidades. Por outro lado, o segmento de imóveis básicos (standard) pode enfrentar dificuldades devido ao cenário econômico desafiador.
Impacto dos Juros e Obras de Infraestrutura
O superintendente também chamou atenção para o impacto das taxas de juros no setor. “Com o aumento da taxa básica de juros e a elevação do custo do financiamento imobiliário, há uma possibilidade de desaceleração no mercado. Esse foi um ponto já revisado pela Caixa Econômica Federal no final de 2024, mas permanece como um desafio para 2025.”
Sobre o segmento de infraestrutura, Menezes destacou a importância da execução das obras anunciadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Apesar de uma expectativa moderada de crescimento, o grande desafio será verificar se as obras realmente sairão do papel. Caso isso aconteça, acreditamos que a construção civil na Bahia terá um desempenho superior ao de 2024”, projetou.
Surgimento de Empresas e Cenário Econômico
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que, em 2022, o setor de construção foi responsável por 24,3% das novas empresas na economia baiana. Menezes explicou que esse índice está diretamente ligado ao registro de CNPJs específicos para cada obra.
“Quando uma obra ou incorporação é iniciada, geralmente é necessário abrir um CNPJ específico para ela. Isso não significa, necessariamente, que houve um crescimento na autonomia das empresas, mas sim no número de unidades locais empregadoras, como cada obra registrada”, esclareceu.
Apesar do aumento no número de empresas, o crescimento real do setor foi modesto. “Enquanto a taxa de nascimento de empresas foi de 24%, o setor cresceu apenas 2,6%. É importante considerar também o aumento de pequenas obras e estúdios, que não têm o mesmo porte do mercado imobiliário de anos anteriores”, acrescentou.
Subcontratações e Empregos
Outro fator que contribuiu para o aumento de CNPJs foi o crescimento da subcontratação por empresas de pequeno porte, responsáveis por tarefas específicas no processo de construção. Esse movimento, embora amplie o número de registros, não necessariamente reflete uma expansão significativa na atividade econômica.
Sobre o desempenho econômico em 2023, Menezes destacou que tanto a geração de empregos quanto o crescimento da atividade econômica foram quase nulos. “Segundo dados da SEI, o setor de construção registrou queda de 0,7%, enquanto o nível de emprego cresceu apenas 0,41%. Existe uma correlação direta entre a atividade econômica e o nível de emprego na construção, o que demonstra os desafios enfrentados pelo setor”, concluiu.
Fonte: FIEB